sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

.#firenzefeelings.

 .duomo di firenze: 'a igreja do lado avesso'.
 .battistero e sua incrível porta de bronze.
 .piazza della repubblica e mercatto del porcellino. 
 .palazzo vecchio, david[zão] e as outras estátuas da piazza della signoria.
 .hércules e caco em cena um tanto indiscreta.
 .só 'os fracos' na galleria degli uffizi:
[da esquerda para a direita em sentido anti-horário]
giotto, donatello, michelangelo, dante, machiavel, galileu, américo vespúcio e francesco petrarca. no centro, da vinci.
 .a ponte vecchio sobre o arno e as juras de amor eterno dos apaixonados.
 .o interessantíssimo relógio solar e o [meu] signo de câncer.
 .a casa fiorentina onde dostoiévski escreveu 'o idiota'.
 .a casa onde nasceu e cresceu dante [alighieri].
 .a casa de michelangelo.
 .ai, jesus, os torrones!.
 .il gelato di pistacchio, pinocchio e outras cenas fiorentinas.
 .as cores de firenze, vista da piazzale michelangiolo.
 .auguri di buon natale a tutti!. 
 .melhor spaghetti al pesto ever: trattoria katti - via faenza, 31.
 .hotel globus: via di san antonino, 24.
[estrategicamnete localizado, a dois passos da stazione santa maria novella e da duomo] 

saí de siena a tempo de ver, da janela do trem, o bucólico pôr-do-sol da toscana. os trilhos que ligam as duas principais cidades do renascimento passam por badesse, castellina in chianti, san gimignano, barberino val d´elsa, certaldo, castelfiorentino, granaiolo, ponte a elsa, empoli, montelupo, signa e san domino. entre cada uma dessas cidades, a típica paisagem toscana: os campos verdíssimos [apesar do inverno], os ciprestes milimetricamente dispostos em fila sobre as colinas, os pássaros voando em bando, as casinhas esparsas com suas chaminés fumegantes e suas hortinhas de quintal, as ovelhas pastando em duplas, os campos de trigo, vez por outra uma igrejinha ou uma torre de pedra, lá ao longe, e a certeza de que a qualquer hora o tony ramos [totó] apareceria correndo campo abaixo, saudando o trem... e foi assim, extasiada, que desembarquei na stazione de santa maria novella, em firenze.
era a metade da minha aventura italiana, o momento de começar a contar regressivamente meu tempo, tão breve e tão intenso, neste país encantado e encantador. desde madrid, era a primeira vez que dormiria mais de uma noite numa mesma cama - um ponto de descanso, portanto. firenze seria meu QG para pisa e lucca. de lá, trens regionais da trenitália partem de meia em meia hora para qualquer ponto da toscana por menos de 10 euros. não tem errada: é chegar na estação, comprar o bilhete nas máquinas self service, convalidá-los na macchina gialla [a máquina amarela da foto do post de siena!], esperar sair o número do binario [plataforma] na telinha das partenzas [departures], achar sua carrozza do trem e ir ser feliz na região mais bonita da itália. só não esqueçam de validar o ticket de passagem na maquininha amarela, senão a multa é de 40 euros!!! [esquecemos de validar entre firenze e siena e, por sorte, o fiscal viu que estávamos de boa-fé e nos cobrou apenas 5 euros por pessoa. ufa!]
firenze é mais um museu a céu aberto que propriamente uma cidade. é difícil escrever isso sem parecer um clichê dos mais baratos, mas não me ocorre outra forma de definí-la. de tantas estátuas e esculturas, pareceu-me, em alguns pontos [na piazza della signoria], uma cidade fake [será que vão me excomungar porque escrevi isso?!].  a arte está em TODA parte: dentro e fora das igrejas, dentro e fora dos museus, dentro e fora das gallerias, dentro e fora dos palazzos... a duomo, de tão linda por fora e cheia de detalhes em seu mármore verde-rosa,  ganhou o merecido título de 'igreja do lado avesso'; a porta de bronze do battistero tem maior expressão artística que os vitrais da divina comédia que ilustram seu interior; o david de michelangelo está na galleria dell´accademia [o original, que foi levado da piazza della signoria para lá por razões de preservação], mas também pode ser visto a céu aberto, na porta do palazzo vecchio e no alto da piazzalle michelangiolo, de onde observa e guarda toda firenze. a galleria degli uffizi está vigiada por personagens ilustres, a maioria fiorentinos, que representam a mais alta expressão do renascimento em todas as suas dimensões [pintura, escultura, poesia, arquitetura, ciência, política...]. giotto, dante, petrarca, donatello, da vinci, machiavel, michelangelo, américo vespúcio e galileu galilei botam moral do lado de fora e nos lembram o que há de mais misterioso e enigmático nesta cidade: a conjução astral que fez com que tantos gênios da humanidade nascessem e vivessem ali entre os séculos XIII e XVII [tá certo que os médici ajudaram um bocado, mas não tinham o poder de fazer esse povo todo nascer por ali!].
por ser assim, entendo que firenze há de ser vivida por fora, caminhando em suas ruas, esbarrando nas casas de seus [tantos] viventes ilustres, imaginando dante e giotto saudando-se num buon giorno casual ou da vinci, machiavel e michelangelo atravessando a ponte vecchio para o outro lado do arno entre o quattrocento e o cinquecento.    
assim, a menos que você seja um grande estudioso das artes, ou que esteja passando um mês em firenze, recomendo a entrada na galleria degli uffizi para ver a alegoria da primavera e o nascimento da vênus, de botticelli, e o resto do tempo dedicado a viver e sentir a cidade. estou certa de que o reflexo da ponte vecchio e dos arcos da uffizi nas águas do arno e as cores da cidade vista do alto da piazzalle michelangiolo no fim da tarde são as maiores obras de arte fiorentinas. próximas estações: pisa e lucca. 

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

.#sienafeelings.

 .#toscanafeelings.
 .a dourada piazza del campo.
 .piazza del campo e duomo di siena.
 .sob o sol da toscana, no melhor estilo 'dolce far niente'.
 .il gelato del giorno.
.a melhor pizza da viagem e o famoso gelato di nocciola:
la favorita - p.zza matteotti, 30-32.
 albergo chiusarelli: um encanto de hotel.
.la macchina gialla e a convalidação [OBRIGATÓRIA] do ticket de passagem.

depois da lombardia e de vêneto, finalmente cheguei à toscana [ou seria a itália?]! saí de venezia santa lucia com destino a firenze rifredi, onde troquei de trem, e cheguei em siena, via empoli, num percurso que não me levou 5 horas no total. siena entrou no roteiro por recomendação expressa de três amigos amantes [e vastos conhecedores] da itália. eu, que me apaixono fácil por cidadezinhas menores e medievais, aderi instantaneamente. e foi assim que siena virou minha [feliz] porta de entrada na toscana! cheguei à noite e minha existência dependia  de um jantar gostoso e quentinho. apesar de o hotel chiusarelli contar com um tradicional e renomado restaurante, optei por caminhar um pouquinho pela cidade e acabei me abrigando do frio na primeira opção charmosa que me apareceu: o la favorita, na piazza matteotti, bem do lado do hotel. lá, comi a melhor pizza [só de ver essas beringelas parmiggianas queimadinhas no forno à lenha me dá vontade de voltar!] e tomei meu primeiro gelato di nocciola da viagem [ai!]. a mesa ao lado da minha contava com mais de uma dezena de amigos, que falavam alto, riam e bebiam vinho, numa clara e gostosa comemoração da vida - especialidade dos italianos, aliás. naquele momento exato percebi o abismo de conduta e personalidade coletiva que há entre os bravos espanhóis e os alegres italianos [não que não haja alegria na espanha, mas é uma alegria que, de tão diferente, mereceria outro nome!]. foi ali, precisamente, que me senti pela primeira vez na itália [milão não tem uma forte expressão italiana e veneza - já disse - me pareceu estar na itália por mero acidente geográfico].  
no dia seguinte, a regra era clara: explorar siena a pé tendo como ponto de referência e parada a famosa piazza del campo, onde duas vezes por ano [sempre nos dias 2 de julho e 16 de agosto] acontece o maior torneio medieval da europa: o famoso palio di siena. caminhei pelas ruas medievais da cidade, impressionada com a altura dos prédios e monumentos e encantada com detalhes tão toscanos como o restaurante de mesa única e toalha laranja da foto do primeiro panorama. com olhos do tamanho dos meus pude reparar em tudo, até no distinto senhor que, sentado numa mesa de toalha quadriculada, num dos inúmeros restaurantes da piazza del campo, lambeu as pontas dos cinco dedos da mão direita, do mindinho ao polegar, para não desperdiçar nenhuma gota do autêntico [e divino!] pomodoro italiano [a itália é uma caricatura!].
sentada no histórico chão inclinado e de tijolos ziguezagueantes da piazza del campo, sob o quente e reconfortante sol da toscana, descobri a quintessência da expressão dolce far niente, pérola da cultura italiana. fiquei ali por nem sei por quanto tempo, sentindo o sol queimar meu rosto, observando o movimento [das pessoas e dos pássaros], ouvindo os sinos do imenso relógio e pensando em como não vale a pena andar correndo pela vida, e no quanto me equivoquei neste particular nos últimos anos. poderia estar lá até agora, mas tive que seguir viagem. próxima estação: firenze.

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p.s.:

'they say they built the train tracks over the alps between vienna and venice even before there was a train that could make a trip.
they built it anyway. they knew one day the train would come.
~
any arbitrary turning along the way and i would be elsewhere.
i would be different.
what are four walls anyway?
they are what they contain.
the house protects the dreamer.

~
unthinkably great things can happen, even late in the game.
it's such a surprise.'


[under the tuscan sun]

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

.#veneziafeelings.

 .a chegada: de venezia santa lucia à piazza san marco, caminhando.
 .mega sena acumulada: dia de sol e sem acqua alta em pleno dezembro.
 .ah, veneza! [e eu fazendo a pose padrão na ponte dos suspiros].
 .melhor spaghetti al pomodoro ever: trattoria ai leoncini - san marco, 352. 
 .ver veneza acender: um dos momentos mais bonitos da viagem.
.pôr-do-sol às 16:30h.
.night photos: ponte rialto.
.san teodoro e o sol de veneza, a torre do relógio e eu, diante da basilica di san marco.
.as gôndolas e o verde-água único de veneza:  a alma da cidade.
.iguarias venezianas: a deliciosa pizza gôndola, as fornarinas e as lindas pastas coloridas.
.meus aposentos no hotel antico panada: calle dei spechieri, 646.
[olha a 'alcione' aí gente!]

quando tracei o roteiro da viagem sabia que veneza só tinha dois destinos alternativos: ser o mico ou o ponto alto da viagem! já tinha lido e ouvido tanta merda bobagem sobre a cidade ['que não era nada do que pintavam, que tinha cheiro ruim, que se comia mal pagando-se os olhos da cara, que o certo era se hospedar em veneza mestre, yada yada yada...] que acabei me pelando de medo de ver meu 'sonho veneziano' virar pesadelo. na véspera, para completar, caí na besteira de colocar no google as palavras 'veneza' e 'dezembro' e acabei tendo notícias de uma cidade apocalíptica, chuvosa e inundada [pelo fenômeno da acqua alta] nesta época nos últimos anos. o google images mostrou-me fotos assustadoras de pessoas com água acima dos joelhos em plena piazza di san marco em dezembro e a partir daí tive certeza que meu [triste] destino era conhecer veneza de botas sete léguas.
assim, foi com o coração um pouco na mão que peguei meu trem em milano centrale [leia-se miLAno TCHENtrale!] com destino a venezia santa lucia [leia-se santa luTCHía!]. a passagem, que consegui em tarifa mini pelo site da trenitália, antes de sair de madrid, custou-me a bagatela de 9 euros, para ir da lombardia a vêneto - imaginem! saí de milão quando ainda estava escuro, às 7:30h da manhã, e vi o sol nascer outra vez através dos alpes que traçam toda a fronteira geográfica ao norte da itália, desde a frança até a áustria, passando pela suíça. cheguei em veneza quando ainda não eram 10h e cruzei a pé o caminho labiríntico entre a estação de santa lucia e a calle dei spechieri, onde estava o meu hotel, guiada apenas pelas placas per rialto / per s marco, que estão em toda parte. vez por outra, quando as placas apontavam para a direita e para a esquerda simultaneamente, usava meu italiano recém-estreado em miLAno e derretia o coração dos venezianos com meu sorriso-do-gato-de-alice e com meu buon giorno aportunholado. as explicações, então, vinham perfeitas: 'avanti, la prima alla destra, la seconda alla sinistra...' e assim, depois de uns 40 minutos arrastando a 'alcione' e subindo e descendo mais ou menos umas 400 pontes [e já conhecendo a cidade!], cheguei ao hotel, cinematograficamente localizado numa ruelinha atrás da torre do relógio. vinte passos contados e estava na lateral direita da basilica di san marco. para completar, ganhei um upgrade e fui parar numa suite superior, mesmo tendo reservado uma standard. da minha cama, através da varanda, a vista surreal para o triângulo verde e o anjo dourado sobre o campanile e o som dos sinos da piazza di san marco, marcando a preciosidade de cada quarto de hora que passei nessa cidade encantada.
deixei a alcione no hotel e desci correndo para a san marco. pisei na piazza no exato momento em que o sol brilhava equidistante entre as duas colunas icônicas da cidade: a do leão alado [que representa san marco] e a de san teodoro [que era o patrono e protetor da cidade antes da chegada dos restos mortais do apóstolo san marco]. alguém duvida que se eu estivesse na espanha eu ganhava o gordo de navidad?!
estou certa de que os reflexos do sol nas águas muito verdes do adriático fazem qualquer ateu convicto questionar-se sobre a existência divina. veneza é isso: beleza, beleza e beleza cercada de água por todos os lados, sem qualquer clichê. não existe feiúra, não existe mau cheiro e cada parede descascada e cada tijolo aparente parecem cuidadosamente planejados numa harmonia cósmico-estética sem precedentes. em veneza comi o melhor spaghetti al pomodoro do planeta e me hospedei no melhor hotel de toda a minha 'aventura italiana', considerando os itens localização, conforto, luxo e preço [não consigo nem imaginar o que é ir a veneza e hospedar-se em mestre!]. a impressão que dá, pelas muitas referências orientais espalhadas pela cidade, é que veneza está na itália por acidente. o palazzo ducale, a catedral bizantina e os muitos elementos trazidos de alexandria e constantinopla fazem a cidade ainda mais peculiar, especial e bonita [talvez tenha sido isso, precisamente, o que me arrebatou em veneza!]. fui embora com o coração apertado [ouvindo ecoar a tarantella, tocada em violino por um artista de rua num dos becos por que passei no trajeto san marco - santa lucia! surreal!], querendo ficar mais um pouco, desejando voltar algum dia. e para quem quer saber se eu andei de gôndola, a resposta é não. além de eu achar meio mico-turístico, com a pequena fortuna que eu colocaria na mão do gondoleiro, paguei os seguintes trechos à trenitália: milano-venezia [9 euros] / venezia-firenze [20 euros] / firenze-siena [6,50 euros] / siena-firenze [6,50 euros] / firenze-pisa [6 euros] / pisa-lucca [2,50 euros] / lucca-firenze [5,30 euros] e ainda me sobrou um trocado para comer uma pizza gôndola! próxima estação: siena [ah, a toscana!].

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

.#miLAnofeelings.

 .duomo: 'floresta di milano'.
 .olha a pose padrão na duomo aí gente!.
 .vittorio emanuele, o tradicionalíssimo café biffi e eu me sentindo a bianca brandolini.
.detalhes galleria vittorio emanuele: a mãe de todos os shopping centers do mundo.
.natal alla milanese.
.o deliciosíssimo panzerotti luini e a inacreditável fila do estabelecimento.
.uma mistura inusitada: gelato di limone di sorrento + variegato nutella.
.detalhes: o teto da bonita stazione di milano centrale e o inacreditável outdoor em plena duomo.

viajar de trem pela europa é como entrar num filme, especialmente se você for da espanha à itália cruzando todo o sul da frança durante uma madrugada. pode parecer incompreensível escolher fazer este percurso de trem quando em avião não levaria mais que umas poucas horas e custaria a metade do preço [sim, viagens internacionais de trem pela europa costumam ser beeeem mais caras que as de avião, ainda mais na 'era das low costs', como ryanair, easy jet e congêneres], mas viajar num trem hotel chamado salvador dalí tem lá seus encantos. no mais, como já contei para vocês noutro post, me devia uma volta a barcelona e estava cansada de avião e disposta a qualquer negócio para não ter que entrar em mais nenhum pelo menos até o final deste ano. 
já viajei bastante e em toda qualidade de trem que vocês possam imaginar: de alta velocidade, trem teco-teco regional, de classe turística, de primeira classe, em cabine dormitório, trem de dois andares, tudo, mas nunca tinha viajado num trem-hotel. gosto de ir vendo a paisagem e da praticidade do embarque e desembarque. não gosto das figuras bizarras que teimam viajar sempre no mesmo vagão que eu - isso inclui as inofensivas, que viajam com um vidro de pimenta tabasco, metodicamente pingada sobre o lanche da madrugada, até as potencialmente perigosas, como o indiano de cicatriz no rosto que viajava na mesma fila que eu, do outro lado do corredor, e que foi detido pela polícia ferroviária de portbou [pequeno município da província de girona, ponto mais oriental da espanha, na fronteira com o sul da frança] porque viajava sem passaporte [senti uma mistura de pena e alívio quando a polícia o fez descer e o trem seguiu viagem sem ele... mais pena, a bem da verdade, porque, afinal, vivo no 'mundo maravilhoso de candice', pero bueno].
as paradas nas fronteiras, primeiro da frança e depois da itália, merecem, aliás, comentários à parte para a ala feminina que me lê aqui nesta biroska. impossível não reparar no naipe azul marinho dos policiais ferroviários, especialmente naqueles em cujas costas se lê, bordada, a palavra POLIZIA. quando o trem parou na nevada modane, na fronteira da frança com a itália, às 6h da matina, e todos fomos acordados com o sonoro bon jour de uma policial francesa sósia da marlene matos, que entrou escoltada por outros seis policiais, metade franceses, metade italianos, todos com walk talkies em punho e instruídos a rever todos os passaportes a bordo, percebi que o lance do indiano detido na fronteira da espanha com a frança tinha sido cabeludo e já tinha chegado ao conhecimento e registro dos carabinieri
depois do episódio e de mais umas sonequinhas nas poltronas super-reclináveis [quase 180º, tipo primeira classe de avião da emirates!], levantei o tapa-olho para a testa e encostei a cabeça na janela, vendo o sol nascer por detrás dos alpes piamonteses naquela que será para todo o sempre a minha mais bonita lembrança italiana. pouco mais de uma hora depois, desembarquei em miLAno centrale.
miLAno, dito assim, com o LA mais alto e bem aberto, é uma cidade bonita mas com pouca personalidade italiana, de maneira que pode ser um pouco frustrante para quem espera já entrar na itália confirmando toda a caricatura guardada do país no imaginário - o que, naturalmente, era o meu caso. miLAno me lembrou bruxelas: uma cidade que merece uma visita mas não merece um retorno [que @marianamarques não leia este post!]. a duomo é lindíssima, majestosa, impressionante, e vale, por si só, a viagem. a galleria vittorio emanunele e a via manzoni são chics, assim como as pessoas que as freqüentam - é vero! -, mas vamos combinar que existem outros milhões de lugares chics semelhantes, e até mais interessantes, no mundo globalizado. a scala é histórica e certamente linda por dentro, mas mas não chega a impressionar por fora. o melhor de milão certamente está no que não fiz: visitar o convento de santa maria delle grazie, onde está o afresco original da misteriosa última ceia de da vinci. a visita é restrita a pequenos grupos [de 25 pessoas, com intervalos de 15 minutos entre um grupo e outro] por dia e é quase impossível conseguir entrar sem comprar o ingresso [com hora marcada] com antecedência. tanta restrição se justifica pela necessidade de preservação da obra [que reza a lenda foi a única parede das imediações a escapar da destruição durante os bombardeios da segunda guerra mundial], que passou a ser ainda mais procurada após as questões levantadas por dan brown no best seller 'o código da vinci'.
de comidas, além do imperdível risotto alla milanese, comível em qualquer restaurante da cidade, recomendo master o delicioso panzerotti luini, que fica no número 16 da via s. radegonda, na esquina de uma das saídas laterais da vittorio emanuele. a fila é assustadora [vide foto!] e você certamente tenderá a desistir, mas quem for guerreiro [a fila anda super rápido!] me dará razão. os panzerotti são como calzones, e podem ser salgados ou doces, feitos no forno ou na frigideira. conselho de amiga: compre mais de um para não ter que voltar para a fila, como eu, que comi um de pomodoro e muzzarela ao forno e depois tive que voltar para experimentar a versão frita. cada um melhor que o outro! bem na frente do luini, recomendo que a sobremesa se faça na cioccolati italiani, onde iniciei minha expedição un gelato al giorno com o deliciosíssimo limone di sorrento, o sorvete de nome mais chic de toda a minha vida, para fazer jus a miLAno. próxima estação: veneza.

domingo, 25 de dezembro de 2011

.#barcelonafeelings, parte I.


 .madrid: o começo de tudo.
 .casa milá, casa batlló e prédios do passeig de gràcia.
 .casa milá / la pedrera: gaudí psicodélico.
 .a pose padrão e a sagrada família vista do telhado da casa milá.
 .espaço gaudí: interior da casa milá.
 .tour casa milá.
 .ambientes casa milá.
 .sagrada família.
 .japa perdendo a dignidade para bater uma foto da namorada com a sagrada família [inteira] ao fundo.
.o surreal reflexo da sagrada família na vitrine do mc donalds e os horários de funcionamento em catalão. 

como vocês já sabem, minha 'aventura italiana' começou ainda na espanha. saí de madrid no domingo, dia 18, cedíssimo. o metro acabava de reabrir as portas e TODOS os madrileños compreendidos na faixa entre 18 e 30 anos voltavam da balada [a movida madrileña começa tarde e termina cedo!]. fazia um frio desumano quando peguei a linha azul clara até atocha renfe com minha pequena malinha marrom. de madrid até barcelona, pouco mais de 3 horas num ave. desembarquei em sants por volta das 10:00h e como meu trem para milão saía apenas às 19h, mas da estación de francia, ali do lado da barceloneta, fui na lógica e pensei: chego em barcelona, vou direto de sants a francia, deixo a 'alcione' [a 'marrom', apelido que dei à minha mala!] num locker e vou aproveitar o dia. qualquer um no meu lugar faria extamente o mesmo! ocorre que chegando na dita estación de francia, que estava uma bagunça do caramba [estava acontecendo um bazar-balada-beneficente e tinham 700 mil pessoas ocupando cada milímetro quadrado do local!], descobri que simplesmente NÃO EXISTEM LOCKERS na estação!!! great, programei deixar minha mala na ÚNICA estação de trem DO MUNDO que não tem lockers!!! [anotem isso, pelo amor de Deus, para nunca incorrerem no mesmo erro!]. beleza,  agora eu estava em barcelona, num dia de céu impecavelmente azul, com uma mala na mão e no meio de um bazar almodovariano [acreditem, era uma feira bizarra, que só poderia acontecer mesmo em barcelona - jamais, nunca, em tempo algum, uma zona daquele tamanho seria permitida em madrid!].  era final do campeonato de sei-lá-o-quê do futebol no japão e o barcelona jogava contra o santos [alguém por favor me explica de novo por que o barcelona estava jogando contra o santos no japão que eu ainda não entendi?!]. entrei num bar na frente da estação e tomei um suco de laranja enquanto o barcelona massacrava o santos, para delírio dos presentes [e ódio meu, que sou real [madrid], e brasilera!], e enquanto eu colocava o tico e o teco para encontrar uma solução sobre o que fazer da 'alcione'. num momento de lucidez e sorte daqueles apenas permitidos aos viajantes, avistei um hotel do outro lado da rua e corri até lá para perguntar se eles acaso teriam uma consigna, que é o correspondente castellano do locker inglês. o recepcionista me olhou com cara de quem já tinha visto este filme mil vezes e foi logo dizendo que eles não dispunham deste serviço [mal sabia ele que, a esta altura do campeonato, eu estava disposta a pagar 50 euros a hora!], mas me sinalizou um hostal de duas estrelas, chamado orleans [anotem!], ali do lado, onde podiam me fazer esta caridade. corri lá, deixei a alcione pela bagatela de 5 euros [todo o período] e fui ser feliz em barcelona.
voltei para o metro e fui até a estação passeig de gràcia. subi quase na frente da casa batlló e caminhei a avenida charmosa até a casa milá / la pedrera, onde tinha uma dívida a pagar: subir no telhado psicodélico de gaudí. e assim fiz. um programa imperdível, apesar de não muito barato [custa 15 euros o ingresso que te coloca lá em cima e te permite ir descendo e visitando uma exposição maravilhosa, que vale cada milésimo de centavo!]. atravessei a rua e me meti na #starbucks, onde tomei um frapuccino caramel para para repor as energias e seguir viagem. a próxima parada era a sagrada família, para onde segui caminhando e apreciando os prédios tão característicos quanto bonitos de barcelona.  
a visão da sagrada família sempre impressiona. lembro que a primeira vez que a vi, nos idos do ano 2000, era noite e fiquei sem ar. as milhares de esculturas esculpidas em pedra do lado de fora me remetem aos castelos de areia que fazia com meus pais na praia do futuro e acho que é isso, precisamente, o que eu mais gosto nela. apesar de impressionar, não é exatamente minha obra preferida de gaudí. a desconexa casa milá e o encantado parc güell [que ficou para ser revisitado na volta para casa, quando dormirei uma noite na cidade!] levam o ouro e a prata no meu gaudí awards particular. confesso que me incomoda um tanto o fato de que outros terminem, ou tentem terminar, uma obra que para mim ganharia mais se permanecesse inacabada. desta vez, 11 anos depois da minha primeira visita e com as obras muito mais avançadas, achei inclusive que andaram 'mexendo um pouco demais no angu'. não gostei de alguns elementos que foram agregados e me deixaram com aquela sensação desagradável de 'samba do crioulo doido'. #prontofalei
cogitei entrar no mc donalds onde da outra vez vivi a cena surreal de comer o mesmo quarteirão que comia na dom luís sentada na frente da sagrada família, mas o avanço da idade me levou para o conforto das poltronas verdes e do café quentinho da #starbucks. aliás, vou contar uma coisa para vocês: #starbucks salvam!!! 
tocava uma bossinha deliciosa do meu vinícius e me senti absolutamente em casa. foi o tempo exato de descansar as pernas, entrar na internet e voltar para a tal da estação de francia [onde - pasmem! - ainda rolava o bazar-balada, com direito a 'vai popozuda, vai po-po-po-zu-da...' e tudo o mais!] e entrar no trem-hotel-salvador-dalí, que me levaria até a itália. próxima estação: MILANO! [não percam, em neon verde limão piscando].