domingo, 4 de dezembro de 2011

.#retirofeelings.





quando morei aqui da primeira vez, as notícias do brasil vinham em papel e demoravam pelo menos 10 dias para cruzar o atlântico e chegar ao buzón da calle valderrey 42 1A. falava com meus pais uma vez, no máximo duas, por semana, e guaraná antárctica era artigo de luxo, encomendado como ouro por quem ficava e trazido como carga por quem ia a portugal. hoje, em tempos de máxima globalização - fenômeno que aliás tenho estudado profundamente, na perspectiva das relações internacionais, no início deste 2º módulo do doutorado - as notícias chegam instantaneamente de todos os lugares do mundo, posso falar diariamente com meus pais através do incrível e gratuito skype, e o peruano aqui da frente [sim, do lado do chino tem uma bodeguinha de um peruano, ex-marinheiro, gente boa demais] vende guarará antárctica de lata e pão de queijo original de minas.
os tempos mudaram, os amores são outros, novos amigos apareceram e por sorte muitos daqueles que mandavam notícias pelo correio continuam ainda vindo aqui para saber notícias desta que vos escreve.
naquele tempo, ia ao retiro sempre às quartas-feiras, sentava no banco bem na frente do estanque, e tomava uma coca-cola ou comia um chocolate enquanto lia e respondia minhas cartas, parando vez por outra para contemplar o dia e observar os passantes. hoje já não vou ao retiro para escrever cartas e há 5 meses não tomo refrigerante [embora ainda coma chocolate com louca!], mas continuo sentando no banco da frente do estaque para contemplar os dias e observar os passantes. e o retiro, apesar de tudo o que mudou no mundo, e em mim, continua o mesmo: as árvores milenares, o testemunho da passagem do tempo nas folhas que caem e amarelam o chão, os esquilos de desenho animado, as ciganas que lêem os destinos, os casais que namoram, os amigos que chacoteiam, os turistas que batem fotos, as bicicletas que passam em pares, os patins que passam em ímpares, os atletas que desafiam a pneumonia correndo quase sem roupa num frio do cacete, as crianças que fazem barulho e descobrem o mundo num dia azul. tudo como estava antes, e tudo como estará daqui a muitos anos - queiram Deus e os homens! -, vigiado do alto por alfonso XII em seu cavalo, e de baixo pelos valentes leões de pedra e pelas sereias de bronze que seduzem a todos com seu canto inaudível, que ecoa a milhões de kilômetros e que me chama, sempre, de volta para cá.
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P.S.: as fotos são registros desta terça-feira, último dia de 'calor' em madrid antes da temperatura cair vertiginosamente para os 4º que os termômetros marcam agora, e dia em que fui mostrar o 'meu retiro' para os queridos v. e s.

Um comentário:

  1. Os amigos V. e S. agradecem o carinho! rsrs Foi muito bacana mesmo conhecer um pedacinho de Madrid contigo e com F. hehehe

    Vamos continuar lendo e cobrando posts do madridfeelings!!! Beijos

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