quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

.las pinturas de mi niñez.

a casa onde vivi na infância, no número 500 da oliveira viana, levava pendurada em suas paredes réplicas destes três quadros: as três graças, de rubens; o rosa e azul, de renoir; e a vênus do espelho, de velázquez. a vênus do espelho ficava no quarto dos meus pais, na parede da porta que dava para a varanda, do lado em que dormia meu pai na cama de casal para a qual tantas vezes corri nas madrugadas. o rosa e azul de renoir, no quarto que eu dividia com minha irmã, até ela ficar pré-adolescente e reivindicar um quarto só para ela, no que foi prontamente atendida, me deixando sozinha no quarto com o beliche projetado por meu pai. as três graças ficavam no banheiro da suite dos meus pais. o banheiro tinha uma banheira redonda, verde e enorme, e um jardim de inverno, bem pouco comuns às casas dos anos 80 - privilégios de ter um pai arquiteto e de morar numa casa que saiu, todinha, da cabeça [genial] dele.
quando li o comentário da fá no post das vacaciones da maja vestida, agradecendo por fazê-la relembrar a maja desnuda pendurada por sua mãe numa parede de sua infância, percebi o quanto falhei em meu texto por não haver mencionado os vários minutos que passei, naquele mesmo dia, diante d´as três graças de rubens [cujo original está na ala de pintura flamenga do prado], teletransportando-me ao banheiro exótico de meus pais e agradecendo-os mentalmente por me haverem despertado o gosto pelas artes e pela pintura a partir desses quadros, que ficaram em meu imaginário e me fizeram saber, desde muito pequena, quem eram rubens, renoir e velázquez [também foi graças a eles que desenvolvi o gosto pela leitura, o amor pela filosofia e que aprendi a reconhecer uma melodia de vivaldi e a distingui-la de uma composição de bach, de tchaikovsky, de verdi, de ravel, de villa lobos e de tantos outros].
a vênus do espelho, que deveria estar aqui no prado, numa das salas dedicadas a velázquez, está na national gallery, em londres - fiz aqui uma anotação mental para visitá-la quando vá a inglaterra. estou certa de que ficarei tão emocionada quanto fiquei diante do original do rosa e azul de renoir, na primeira vez que o vi, no masp.

Um comentário:

  1. can
    faz diferença ter uma família que nos desperta para a arte. A sensibilidade desperta não dorme mais. Mais uma vez agradeço por seus reflexões -
    pinceladas de arte - alegrando nosso quotidiano.
    Bjs , querida

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