quarta-feira, 30 de novembro de 2011

.hogar dulce hogar.


cariños, já comentei num outro post que estou num apartamento que é uma graça. estou tão grata de haver encontrado um lugar assim para viver nesta temporada aqui em madrid que o mínimo que posso fazer é compartilhar essa dica com vocês. assim, para quem vai vir a passeio, a trabalho ou para estudar por um período, como eu, recomendo fortemente um dos apartamentos [cada um mais lindo e mais bem localizado que o outro!] da spain select.
a empresa aluga apartamentos por dias, meses ou anos, em diversos pontos de madrid [e também em valência e sevilha - além de ter umas villas maravilhosas em diversas regiões da espanha!], sem burocracia e com muito profissionalismo e distinção. os apartamentos têm 1, 2, 3 ou mais dormitórios e comportam, progressivamente, de 1 até 8 ou 9 pessoas. os preços variam, no caso de madrid, de 80 a 110 euros a diária, e de 1.750 a 9.600 euros a mensalidade, por exemplo. falando assim, parecem inviavelmente caros a princípio - especialmente se convertermos os euros em reais! -, mas analisando com calma todas as vantagens de escolher um spain select, logo percebemos como se trata de uma opção compensadora e acessível.  
explico: mais que o conforto, a beleza e o luxo óbvios, a praticidade, a simplicidade à hora de contratar e a segurança de alugar um apartamento à distância e ele ser absolutamente idêntico ao que vimos nas fotos são coisas impagáveis [ou que custam mais caro, mas pelas quais vale a pena pagar!]. 
do conforto, da beleza e do luxo falo de apartamentos completamente mobiliados, decorados profissionalmente, com espaços muito bem aproveitados e dotados de calefação, ar-condicionado, internet de alta velocidade, tv a cabo [com 150 canais] e dvd.
da praticidade, falo de todos os utensílios de cozinha [pratos, xícaras, copos, taças, talheres, panelas e caçarolas de diferentes diâmetros, torradeira, cafeteira, espremedor de frutas, jogo americano, luva de forno, abridor de latas, saca-rolhas, ralador 4 usos, escorredor de macarrão, ferro e tábua de passar, aspirador de pó e tudo mais, além de geladeira, fogão, microondas e máquinas de lavar roupa e pratos], e dos dois jogos completos de toalhas [e mais o kit banheiro, incluindo secador de cabelos, porta escovas de dentes e saboneteira] e de lençóis.
da simplicidade à hora de contratar, falo da facilidade de fazer tudo a distância, pela internet, desde a escolha do apartamento, até a confirmação da reserva, que se efetiva após o pagamento antecipado das duas primeiras mensalidades [feito pelo cartão de crédito]. falo, também, da possibilidade de alugar um apartamento de acordo com a necessidade-tempo de cada um [aqui é meio difícil conseguir um apartamento por menos de 1 ano!] e, ainda, da dispensa da obrigatoriedade de aval bancário, condição sine qua non de boa parte dos contratos com as imobiliárias ou particulares.
no mais, precisamos descontar, do preço final, a economia feita com os seguintes itens: coisas da casa [desde que cheguei, há duas semanas, as únicas coisas que senti necessidade de comprar foram: um cesto de roupa suja, uma balança de banheiro, uma sanduicheira e uma peneira - ou seja, nada!], calefação, água e luz [até 120 euros/mês cada], gastos de comunidad [que equivalem ao condomínio no brasil e estão incluídos no preço], internet e tv a cabo, além dos gastos com hotel para os primeiros dias [afinal, a opção de alugar um apartamento à distância noutras condições sem inspeção pessoal in loco é, no mínimo, temerária!] e eventuais despesas com manutenção [a empresa conta com pessoal especializado para dar uma resposta rápida e eficiente para qualquer incidente que ocorra durante o contrato].
para os que vêm a trabalho ou para um período de estudos trata-se, portanto, de uma escolha quase óbvia. para os que vêm a passeio, a ideia de alugar um apartamento, ir ao mercado de san miguel [que vocês viram no último post!] ou ao supermercado [como um residente!] e cozinhar para a família e os amigos, me parece uma opção bastante mais sedutora do que a de ficar num hotel - vocês não acham?!
para terminar, a empresa conta, ainda, com serviços adicionais, que podem ser contratados à parte, como o de limpeza [que inclui passadeiras de roupa] e de recogida al aeropuerto, este último operado por uma parceira terceirizada, mas com o mesmo nível de profissionalismo e cordialidade. assim, pelo mesmo preço [ou quase] de um táxi, uma mercedes classe E dirigida por um simpático e solícito motorista te espera em barajas e te leva direto ao apartamento escolhido, no qual já te espera o responsável pelo check-in. um looooosho!
então, cariños, fica a dica! 

terça-feira, 29 de novembro de 2011

.#sanmiguelfeelings.

 .sementes, flores e batatas fritas artesanais.
 .amêndoas, grãos e azeitonas recheadas.
 .cafés, doces e mais doces.
 .macarrons, cupcakes e cookies.
 .frutas e sucos super-gelados.
 .paellas, mariscos e peixes.
 .jamones, carnes, hamburguers e sushis.
 .pães, queijos e vinhos.
.yogurtes, cereais e leites.

o mercado de san miguel está justo ao lado da plaza mayor, bem no coração de madrid, e é um dos lugares mais legais da cidade, seja para fazer as compras da semana, seja para procurar especiarias e coisinhas para aquele jantar especial, para tomar unas cañas y comer unas tapas, ou simplesmente para ver gente [dos quatro cantos do mundo]. um lugar inacreditavelmente completo [as fotos deste post são meramente ilustrativas - não se enganem!] e lotado, a qualquer hora e dia da semana [o mercado fica aberto de segunda a domingo, das 10h à meia-noite de domingo a quarta e das 10h às 2h da madruga de quinta a sábado]. um programa imperdível - vão por mim!

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

.una tarde en madrid.



cariños, ontem à tarde fui reparar meu maior vacilo madrilenho: nunca ter ido até o templo de debod. por uma dessas estupidezes absurdas e inexplicáveis, que vez por outra cometemos na vida, nunca tinha ido até lá, mesmo tendo estado tão perto [na plaza de españa, por exemplo - esta do panorama 1!] e tantas vezes aqui. então peguei o metrô aqui em ríos rosas, troquei de linha na estação tribunal e, em menos de 15 minutos, cheguei à estação plaza de españa, esta que tem um enorme - e lindo! - monumento a cervantes, com as estátuas do próprio e de seus personagens mais emblemáticos: don quixote e seu fiel e gordinho escudeiro, sancho pança. descendo a praça, passei por uma feirinha de artesanato e gastronomia, que tomava toda a parte de trás da estátua de cervantes [não dá para ver nestas fotinhas que postei aqui!], dei risada com os turistas que subiam no cavalo do sancho pança [do rocinante, cavalo do don quixote, a queda seria pior e certamente irrecuperável!] e gritavam 'írráhhhhhhhh', e segui meu caminho à direita até a enorme escada que me deixou literalmente sem fôlego diante dos portões egípcios do templo de debod, repousados sobre um enorme espelho d´água que reflete, além do monumento, o incomparável e mágico céu de madrid. 
diz aqui o guia visual da folha que o templo foi construído no século II a.C e teria sido salvo da área inundada da represa de aswan e regalado à espanha em agradecimento aos engenheiros espanhóis envolvidos no projeto. significa, portanto, que os 'presentinhos' foram trazidos do egito e remontados, peça a peça, como um lego, aqui nos jardins do parque del oeste.   
como o templo está numa colina sobre o rio manzanares [que corta madrid], lá atrás há um enorme mirante, voltado para o conjunto harmônico formado pelas visões da catedral de la almudena e do palácio real [essa fotinha aí lindamente emoldurada por uma árvore!]. um programa imperdível, do qual  deixo ainda os registros do lindo pássaro bicolor sobre o poste imperial, da irremediável passagem do outono pelas árvores madrilenhas [ai como eu amo o outono!], do irrevogável anúncio da morte de nietzsche e da minha pose-padrão - que virou coleção não pode mais faltar [jejejejejeje!]. buenas!   

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

.#chamberífeelings.


cheguei há 10 dias e, francamente, parece que faz 1 mês. estou adaptada ao apartamento [que é uma graça e super confortável - não tinha nem como não estar!], ao bairro, ao frio, ao idioma, ao curso, às regras de reciclagem do lixo, e quase já também ao fuso [que tem sido o mais difícil para mim!]. vivo numa rua tranqüila, de nome mais-espanhol-impossível e cheia de árvores que já perderam metade das folhas por força do outono. o bairro, chamado chamberí, é delicioso - residencial e comercial na medida rigorosamente exata. aqui no quarteirão temos: uma farmácia [cuja simpática balconista atende pelo nome de mercedes], uma padaria [de um casal de equatorianos muito gente fina, gonzalo e marta], dois supermercados [ahorra más e dia%], dois hortifrutis, um santander, uma caja madrid, vários restaurantinhos e bares [alguns tradicionais, outros bem descoladinhos, mas todos sempre lotados no fim do dia], uma papelaría, uma eletrônica [sim, eu já precisei de uma eletrônica mesmo tendo chegado há pouco mais de uma semana!], uma floricultura [cheia de gérberas], várias peluquerías [incluindo uma marco aldany, que é o que mais tem aqui em madrid!], um locutório [que é tipo uma lan-house, mas onde também se faz ligações internacionais, se facilita o envio de dinheiro para o exterior - especialmente para a américa latina e para o leste europeu - se imprime e se tira cópias [o que, convenhamos, é bem útil para uma estudante de doutorado!] e - o melhor de tudo! - um chino, bem na frente de casa, aberto twenty-four-seven [ô raça para trabalhar!], sem direito a siesta [sagrada para os espanhóis - aqui fecha tudo das 14h às 17h!], e que vende TUDO [em caps lock e negrito sublinhado!] o que vocês puderem imaginar, do apontador de lápis ao cesto de roupa suja.   
melhor que o chino aqui da frente só mesmo as duas estações de metro, ambas a menos de 200m da minha porta, cada uma levando para um lado diferente da cidade. se viro à direita, vou para a linha 7, laranja, e se viro à esquerda, para a linha 1, azul clara. andando mais um pouquinho, outras duas estações, que me conectam às linhas 2, vermelha, 6, cinza, e 10, azul escura. uma baldiação apenas em qualquer uma delas e chego a qualquer buraco de madrid. perfecto!
no mais, apenas 5 minutos caminhando [tranqüilamente!] do paseo de la castellana, que é a principal avenida de madrid, e 20 minutos do instituto, onde acontecem minhas aulas do doutorado, todos os dias, das 16:30h às 20h, e para onde tenho feito questão de ir, e voltar, a pé, apreciando cada edifício imperial dos muitos que há no caminho, cada criança empurrada no carrinho pelos pais, cada pessoa bem vestida [ou nem tanto!] que passa, cada árvore que novembro vai desfolhando dia após dia. tudo lindo, numa madrid que desde sempre me recebeu e me acolheu tão bem.
de ruim mesmo, só a saudade dos meus, hoje em muito amenizada pelo amado-e-idolatrado-salve-salve skype, a oitava maravilha do mundo. quem morou aqui em 1994/1995, como eu e minha prima carol [leitora já assídua desta biroska!], sabe que o inferno era esperar carta de correio todo dia e sofrer mais que a maria do bairro quando não chegava nada [e quando chegava para uma e não chegava a outra?! uma tragédia grega!]. hoje, com o santo skype, com o querido twitter, com o chatíssimo, pero necesariofacebook, e com o imbatível email, os tempos são outros, absolutamente outros.
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p.s.: aí nas fotinhas, as visões à direita e à esquerda da minha varanda [depois prometo que bato uma foto do chino para mostrar a vocês!].

domingo, 20 de novembro de 2011

.'pelea por lo que quieres' X 'súmate al cambio'.

um país democrático supõe, num primeiro momento, o respeito aos direitos fundamentais de seus cidadãos. neste sentido, nem a espanha, nem muito menos o brasil, podem efetivamente considerar-se democracias. se pensarmos bem, enxergando a coisa deste ponto de vista, perceberemos que existem muito poucas democracias a 100% no mundo. certamente a suécia, a finlândia, a suíça... a holanda, talvez. os estados unidos? será?! e cuba? em que medida, verdadeiramente, os cidadãos cubanos têm seus direitos fundamentais menos respeitados que aqueles de vários países [conhecidos nossos] em que existem eleições? 
para tornar as coisas mais simples, vamos jogar o jogo do contente e fazer de conta que acreditamos que países democráticos são aqueles em que existem eleições, simplesmente. em sendo assim, o brasil é uma democracia, e a espanha, muito mais. 
hoje, aqui na espanha [me sentindo a ilze scamparini! #ilzescamparinifeelings], tivemos eleições gerais, inclusive para escolha do futuro presidente*, posto para o qual duelaram alfredo rucalbava, como sucessor de zapatero, pelo partido socialista obrero español - PSOE e mariano rajoy, do partido popular, PP. rubalcaba, da esquerda situacionista. rajoy, da direita opositora. o primeiro sob o lema 'pelea por lo que quieres' [luta pelo que queres!]. o segundo, sob o convite 'súmate al cambio!' [soma-te às mudanças!]. rubalcaba minoritário em meio à crise e ao desemprego que perturbam o país e os espanhóis. rajoy já eleito, apesar de a apuração estar longe de terminar [aqui eles ainda votam por cédulas!]. ao que parece, os espanhóis se desencantaram com a esquerda e acreditaram que a mudança estaria nas mãos de um governo de direita. a coisa, no entanto e desafortunadamente, não é tão simples assim. rajoy 'pinta de azul' o palacio de la moncloaya veremos os rumos que a espanha tomará no contexto da união européia e do mundo [dedos cruzados!].
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*apesar de a espanha ser uma monarquia parlamentarista, aqui nomeia-se presidente [e não primeiro-ministro] o chefe do governo, que de fato é o presidente do conselho de ministros e chefe do poder executivo, a quem compete a condução das políticas interna e externa do país. o rei juan carlos [que os espanhóis amam e eu também!] é o chefe de estado e tem seus poderes limitados e suas funções textualmente estabelecidas na constituição [podemos chamar o sistema político de governo, também e portanto, de monarquia constitucional].

sábado, 19 de novembro de 2011

.#segoviafeelings.





cariños, hoje estive em segóvia, uma cidade linda e indispensável, que fica uns 100km a noroeste daqui de madrid. em meia hora de trem, ou pouco mais de uma hora de carro ou de ônibus,  dá-se de cara com o aqueduto romano aí da foto, que data do século 1º d.C e que é seu principal cartão postal. assim como toledo, segóvia é destino obrigatório da espanha continental. vir a madrid e não ir a toledo e a segóvia é algo assim como ir a roma e não ver o papa - um pecado mortal, portanto. ao passar por madrid, recomendo aos viajantes que reservem dois dias extras, um para cada uma dessas cidades encantadoras e imperdíveis. 
em segóvia, o tour tradicional mínimo começa aos pés do aqueduto, sobe pelas calles de cervantesjuan bravo e isabel la católica até a plaza mayor da cidade [todas as cidades espanholas têm uma plaza mayor] e a majestosa catedral de nuestra señora de la asunción y san frutos, e segue pelas calles marqués del arco e daoiz até o monumental alcázar, um castelo igual aos dos contos de fadas, que já foi fortaleza, residência real, prisão e escola militar de artilharia. foi no alcázar, entre outros acontecimentos históricos, que isabel I de castilla foi coroada rainha e se casou com fernando II de aragón - casalzinho infame que, sob o título oficial de reyes católicos, comandou a cruzada contra os árabes muçulmanos, a unificação religiosa na espanha e o 'descobrimento' e colonização da américa espanhola.
fazia um frio do caramba, resultado dos 1000m de altitude cumulados com o final do outono, mas nada impediu minha caminhada tranqüila pelo casco viejo, revendo [já havia estado em segóvia, precisamente em 1995, na companhia da minha prima querida, carol, leitora já declarada aqui desta biroska] e fotografando sentimentalmente cada detalhe de suas ruelinhas medievais [que hoje convivem em perfeita harmonia com a foto PB que estampa universalmente a capa da biografia do steve jobs e que está na vitrine de 10 entre 10 livrarias, em toda parte - até mesmo em segóvia!]. neste retorno, por sorte, tocou-me estar mais culta do que na primeira oportunidade, pelo que não pude perder a chance de visitar a casa-museu em que viveu, em sua temporada segoviana de mais de uma década, o poeta sevilhano antonio machado, que hoje dá nome à estação de metro que me leva até o meu primeiro endereço em madrid [lembra, carol?!] e que escreveu, entre outras tantas coisas belas, o verso que em mais de uma ocasião já me serviu de descrição nas redes sociais e com o qual coloco um tardio ponto final no post de hoje: 'caminante, son tus huellas el camino y nada más. caminante, no hay camino, se hace camino al andar. al andar se hace el camino, y al volver la vista atrás se ve la senda que nunca se ha de volver a pisar. caminante no hay camino sino estelas en la mar.'   

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

.meditaciones del metro.

eu poderia escrever sobre o retiro, que é o lugar que mais adoro entre todos os lugares que adoro nessa cidade. poderia escrever sobre o prado e suas meninas de velázquez. poderia escrever sobre as majas, vestida e desnuda, de goya. sobre as mãos de el greco. ou sobre o guernica, de picasso, no reina sofía. eu poderia escrever sobre o duelo entre rubalcaba e rajoy nas eleições gerais espanholas, que terão lugar domingo agora, dia 20. poderia escrever sobre o palácio real ou sobre o templo de debod. sobre a fuente de cibeles, sobre a família real, sobre o real madrid, sobre as touradas, sobre o flamenco. eu poderia escrever sobre a plaza mayor, sobre a puerta del sol ou sobre o mercado de san miguel. poderia escrever sobre o vinho, sobre as tapas, sobre os chocolates con churros, sobre a paella. eu poderia escrever sobre as calçadas largas e grifadas da calle serrano, sobre o estiloso bairro de salamanca e sobre o colossal el corte inglés. poderia escrever um post inteiro sobre o céu de madrid. poderia escrever sobre todos esses lugares e coisas [e certamente escreverei!], mas quis dedicar esse primeiro post, propriamente dito, ao metro - que aqui se escreve e se lê assim mesmo, sem acento, como se estivéssemos falando da unidade de medida correspondente a 100 centímetros. 
o metro madrileño tem 300 estações, distribuídas em 12 linhas coloridas. são 293 kilômetros, pelos quais se deslocam 2,5 milhões de pessoas, metade de madrid, por dia. quando morei aqui da primeira vez, há 17 anos atrás, o metro já cobria a cidade inteira e estavam terminando de construir a linha 6, cinza, que é uma linha circular. de lá para cá, o número de linhas dobrou e se pode chegar até aos lugares mais improváveis da cidade.
gosto do metro. de viver em cidades servidas de metro. de observar as pessoas. de ceder meu lugar às mais velhas, às grávidas e àquelas que transitam com crianças. de andar do lado direito das escadas rolantes. gosto do sentimento de poluir menos ao utilizar um transporte público. de dirigir um carro a menos no mundo. gosto dos músicos do metro, aos quais invariavelmente tenho a tentação de dar todos os euros que levo na carteira, e mais meus cartões de crédito e débito, com as respectivas senhas [desde que cheguei, cruzei já duas vezes com uma dupla que canta beatles na estação tribunal e que poderia estar no the x factor USA]. gosto da miscelânea, da experiência sociológica, da atmosfera democrática e cosmopolita, das lições de vida diárias que os mais atentos não desperdiçam. esses dias, voltava cansada e reclamante da minha odisséia no ikea quando entrou um moço, bastante jovem, absolutamente queimado, sem nariz e sem orelhas, numa situação lastimável como eu jamais havia visto antes. parei de reclamar na hora e senti-me a mais abençoada e ingrata das criaturas.
é certo que não é necessário viver em madrid para estar atenta às pessoas e aprender com elas, mas considero o metro um laboratório importante, um cenário rico e convidativo. queria compartilhar isso com vocês, cariños. e por hoje é só.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

.otoño en madrid.











porque estar aqui me permite dar uma passadinha no retiro [vejam que lindo o outono madrileño!] antes de ir para a aula. e porque, neste caso, eu não encontraria palavras suficientemente bonitas para descrever o que vi.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

.venga!.


.¡madrid, aquí me tiene!

cariños, cheguei em madrid no último sábado, vinda de lisboa, onde meu vôo de fortaleza fez uma conexão de 5 horas. era início de uma noite de outono e os termômetros nos topos dos edifícios marcavam deliciosos 16 graus, temperatura bem receptiva para quem vinha dos 30 graus eternos do ceará. a lua brilhava cheia, bem na diagonal direita da minha varanda, como quem diz, em castellano [¡por supuesto!]: 'sea bienvenida!'... é óbvio que, sendo eu essa pessoa canceriana que sou, interpretei isso como um bom sinal. aí dei um sorriso interior, respirei fundo o primeiro ar madrileño da temporada e pensei, com uma certa satisfação interna: 'madrid, aquí me tiene!
minha relação com esta cidade é forte, inexplicável e um tanto enigmática. da primeira vez das muitas em que estive aqui, nos idos de 1994, vivi já um reencontro, cheio de reminiscências - uma experiência tão encantadora quanto assustadora para uma menina de 17 anos. madrid tem, ainda, um significado especial para mim, porque foi precisamente aqui, nas tardes solitárias no parque do retiro, que descobri o prazer da minha própria companhia, de que nunca mais abri mão. eu era, então, apenas uma menina de 17 anos e  como todas as meninas de 17 anos gabava-me de conhecer o mundo e o amor.  voltar a madrid tantos anos depois, na mesma condição de residente, tendo visto tanto mais da vida, com um olhar muito mais atento, muito mais maduro, e um coração [o mesmo coração dom-quixotesco!] um tanto mais calejado, é um privilégio. 
aqui neste #madridfeelings não pretendo muito mais do que expressar meus sentimentos sobre essa cidade e a forma como ela interage comigo. não pretendo mais do que registrar, primeiro para mim mesma, e depois para quem interessar possa, as meditaciones de mi corazón de quijote.
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Meditaciones del Quijote [onde fui buscar o trocadilho] é o primeiro livro do filósofo espanhol José Ortega y Gasset [que não por acaso dá nome ao Instituto no qual começo hoje meu doutorado aqui na capital espanhola]. publicado em 1914, trata-se de um ensaio que acabou tomando um rumo diferente daquele a princípio imaginado pelo autor. foi neste livro, precisamente, que Ortega y Gasset começou a desenvolver sua teoria filosófica 'yo soy yo y mis circunstancias'.