domingo, 22 de janeiro de 2012

.calle hortaleza, 34.

 .back to the 50´s: calle hortaleza, 34.
 .regular fries e o 'ketchup de rico', como diz a zezê.
 .best milkshake ever!.
.olha o look das garçonetes!.

depois de uma gripe de uma semana [vejam minha cara abatida na foto!], hoje foi dia de sair de casa para um belo passeio a pé. desci a santa engracia e depois virei na calle luchana até a fuencarral. andei a fuencarral até a gran vía e voltei pela calle hortaleza, onde parei no número 34 para comer junk food, também conhecida como 'porcarias que a gente ama'. #democarbsfeelings
o lugar atende pelo nome de tommy mel´s e é a lanchonete americana mais fofa em que já entrei, tipo um the fifties + rockets turbinado, sabe? no cardápio, varições de hamburgers, hot dogs e milkshakes - difícil de escolher. fui de regular fries, the athomic [um hamburguer com chili e mix de queijos perfeito!] e milkshake de chocolate - o mais gostoso que já tomei na vida. é claro que repeti aquela cena clássica da infância [quando ia no dudu´s - é o novo! - com meus pais] e deixei uma parte do hamburguer e das batatas para ficar com o milkshake, né?! [nossa senhorinha da intolerância a lactose é minha pastora e nada me acontecerá].
o lugar é lindo: uma jukebox bem na entrada, o piso quadriculado, as poltronas de couro verde água, os lustres de bola, as janelas de trailer com persianas e muito neon. tudo pensado nos mínimos detalhes: do açucareiro à maquiagem das garçonetes [delineador preto gatinha e batom vermelhão]. de madrid para a américa e de 2012 para 1956 em um pisco. #backtothefiftiesfeelings
a comida, deliciosa. o hamburguer na espessura correta e ordenado ao gosto do freguês, sem erro. no meu caso, disse 'bien cocido' e respondi à pergunta do garçon: 'como un zapato?' com um 'sí, exacto, como un zapato!'. e nem sinal de vermelho no meio do meu hamburguer!!! :) as batatas, perfeitamente fritas e apimentadas na medida rigorosamente exata - aquela que dá para comer sem pedir 'uma coca-cola, pelo amor de Deus!'. o milkshake [não gosto nem de lembrar!], amarguinho e com a consistência dos deuses - indicado para quem está se curando de uma gripe, como eu.
fica a dica para quem vai ficar em madras tempo suficiente para enjoar das paellas, dos vinhos e das tapas, para quem vai vir com crianças ou adolescentes ou para quem tomou um fora do namorado e quer afogar as mágoas numa refeição de 2000 calorias. depois é só caminhar da plaza de castilla até atocha ida e volta umas 7 vezes que fica tudo certo! [eu, de minha parte, caminhei 6km, contando a volta para casa, e sinto como se nada tivesse acontecido]. ;)
buenas, cariños! buena semana a todos!

#flamencofeelings

 .corral de la morería: calle morería, 17.
.a 'desagradável' volta para casa: a vista da catedral de la almudena iluminada na esquina da calle de bailén com calle mayor e madrid bajo mis pies, como me gusta.

pupilas dilatadas. coração acelerado. jaleos mentais. mão marcando o compasso na coxa. taconeos discretos sob a mesa. fascinada. noutra dimensão. assim assisti a apresentação desta noite do corral de la morería, o tablao flamenco mais tradicional de madrid e certamente o mais famoso do mundo.
quem me conhece sabe que o flamenco está na minha alma e é provavelmente o que mais intimamente me liga à espanha. formei-me em ballet clássico, depois de 14 anos de aulas quase diárias, pesagens semanais, muitos pés torcidos e inumeráveis ensaios sabatinos. fui parte do corpo de baile do hugo bianchi, do anima mens et corpore, da madiana [romcy] e terminei minha carreira no conservatório de dança da minha eterna mestra, denise galvão. o primeiro ballet que dancei na vida foi carmen, de bizet, aos 4 anos. o que mais gostei de dançar, dom quixote. quando a vida me trouxe para cá em 94/95, desisti da faculdade de arquitetura e matriculei-me no flamenco. fazia um intensivo de espanhol para estrangeiros todas as manhãs [no CEE idiomas da calle carmen - que, acreditem, ainda existe tal e qual!] e tinha aulas de flamenco com [doña] adela martín todas as tardes, com exceção das quartas-feiras, na longínqua escola de aluche. tomava um autobus, dois metros e caminhava mais uns 15 minutos, na ida e na volta, quatro vezes por semana [como diz meu cunhado filósofo: 'quem quer quer, quem não quer coça o pé']. com minha alma flamenca, minha obstinação, o ritmo e a coordenação que Deus me deu, e a técnica e a postura de mais de uma década de ballet, posso dizer que, tirando as castañuelas [bem difíceis de aprender, porque necessitam de articulações das mãos que não estamos acostumados a usar!], aprender flamenco foi quase uma reminiscência e não chegou a ser exatamente difícil para mim.
quando voltei para fortaleza, dei aulas no CDDG e fui admitida, por audição, no tablado flamenco, grupo profissional do qual me orgulho de ter feito parte e onde aprendi muito, do flamenco e da vida. de lá para cá são 11 anos sem dançar, mas posso garantir para vocês que isso não fica assim por muito mais tempo. as castañuelas, a falda [saia], o abanico [leque] e os zapatos de tacón vieram na mala, por si acasoOLÉ! 
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coloquei cinco vídeos da apresentação de ontem aqui, ó. se eu fosse vocês, não deixava de ver!

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

.n´allez pas trop vite, 2012!.

 .os prédios aqui ficam cheios dessas 'bandeirinhas' no natal.
.minha nochevieja na puerta del sol. 
 .as mil velas no mercado de san miguel no día de reyes.
.meu presente de reyes e a lata temática de biscoitos, que comprei no mercado de san antón. 
 .cenas do rastro, ao som de djobí-djobá.
.a primeira parte [só a primeira parte!] do meu garimpo na zara.

hola, cariños! o ano mal começou e já estamos bem-dizer no final de janeiro... e eu, nem confiança para esta biroska, né?! sei que desse jeito a audiência, que já não é essas coisas, vai para o brejo, mas é que foram 'tantas emoções' e tem passado tudo tão rápido por aqui que não raro me pego curtindo uma nostalgiazinha antecipada [a minha cara!], pensando que já já esse meu tempo [precioso] aqui vira saudade. outro dia, jogando conversa fora no twitter, surgiu a pergunta: 'para onde eu queria ir depois daqui?'... e sabem o que eu respondi, assim, na lata?! 'depois daqui quero voltar para aqui de novo!'... agora digam se esse meu encantamento por madrid tem jeito?!
o ano começou e eu ainda estava mortinha da silva, depois da itália. cheguei dia 28, feliz da vida por ter dado tudo absolutamente certo nesta que foi a viagem mais gincana da minha vida, mas doida para passar uns dias quietinha e quentinha aqui no meu apartamento de cozinha verde limão.
não tive coragem, de novo [terceiro revéillon meu em madrid e quarto na espanha e nada!], de ir para a puerta del sol, onde acontece a festa de ano novo mais tradicional do país. garanti as uvas, a champanhe, a ceia [fiz até rabanadas, que não tinha comido no natal!], a roupa nova e a peça vermelha, botei o DVD da bethânia [tempo tempo tempo tempo] para troar e depois acompanhei o babado da puerta del sol pela tv. aí foi esperar o ano novo de são paulo, às 3h daqui, de fortaleza, às 4h, e yada yada yada.
o ano começou comigo estudando igual maluca para as duas provas do doutorado que tive dia 10. aqui na espanha as vacaciones de navidad, como eles chamam, vão até o dia 6 de janeiro, día de los reyes magos. só no dia 6 de janeiro as crianças recebem os presentes, trazidos por melchor, gaspar y baltazar [nada de papai noel - o que, convenhamos, é bem mais coerente!]. dia 6, aliás, dei uma passadinha no mercado de san miguel [que amo!], para ver as 1000 velas se acenderem, já que tinha perdido o acontecimento no dia do natal. lindo!  
as minhas vacaciones, no entanto, acabaram dia 28, quando cheguei de viagem. considerei de ótimo tamanho os dias que passei na itália e mergulhei nos livros, nos textos e nas minhas anotações das aulas até o dia das provas. terminadas as provas [acho que fui bem - ainda não recebi as notas!], a recompensa: do doutorado direto para o príncipe pío, para aproveitar as rebajas, que tinham começado desde o dia 7. fiz a festa na zara, na h&m e ainda andei fazendo mais umas [muy buenas] compritchas sábado passado, na gran vía. se a gente fica louca ao ler a palavra ´LIQUIDAÇÃO' em vermelho negrito na vitrine das lojas no brasil, avalie lendo 'REBAJAS' na vitrine da zara?! fiz a festa, viu?
no domingo, fui ao el rastro, que é o mercado de pulgas mais tradicional daqui de madras - imperdível. fiquei ali, andando no meio daquele mundaréu de gente, ouvindo djobí-djobá-cada-día-te-quiero-más num flamenco de raiz e agradecendo mentalmente por estar nessa cidade que eu tanto amo e que tanto me faz bem. o que comprar no rastro?! do anelão antigo com pedra turquesa até talheres de prata!  
sexta passada, depois da aula, fizemos mais uma 'fiesta de las naciones' com os compañeros do doutorado. dessa vez, fomos num bar joinha em la latina e terminamos a noite no terraço mais charmoso de madrid, no mercado de san antón [qualquer hora dessas volto lá e bato umas fotos porque nesse dia eu estava sem máquina - sorry!].
como nem tudo aqui é glamour, essa semana peguei uma gripe [espanhola] uó. desde segunda, cada dia uma emoção: moleza, febre, dor de cabeça, tosse, rouquidão - uma beleza! tô aqui, quietinha, na calefação, para ver se fico boa e amanhã vou no corral de la morería, o tablao flamenco mais famoso daqui. depois conto tudo a vocês!
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gostou do título do post, fá?! [louca para ler o livro do allain de botton que você recomendou... tudo a ver com o meu 'momento existencial'].

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

.#barcelonafeelings, parte II.

 .o encantado parc güell. 
.meu lugar em barcelona.
 .somos um mosaico.
 .#gaudífeelings.
 .formas e cores de barcelona.
 .delírio fantástico de gaudí.
 .gaudí psicodélico.
 .o jogo de rugby e o fim de tarde em barcelona.
.colón e maremagnum.
 .la boquería [e não é a do del paseo!].
.hotel silken concordia e o colorido kit do banheiro.

depois de 10 dias na itália, chegar em barcelona foi como chegar em casa. o trem-hotel de volta, o mesmo babado: as mesmas poltronas da emirates, as mesmas paradas nas fronteiras, os mesmos policiais bonitões vestidos de azul marinho, só não o indiano detido sem passaporte. cheguei no hotel silken concordia falando italiano e rezando para que o quarto estivesse livre antes do horário do check-in. bingo! subi, tomei um belíssimo de um banho [incríveis as propriedades terapêuticas da água sobre a minha pessoa!], tirei o sobretudo marrom que estava sobre mim há mais de uma semana, vesti uma roupa colorida e fui almoçar no arenas, shopping gigante construído dentro da antiga plaza de toros, desativada depois da proibição das touradas na cataluña. de lá, direto para o meu lugar preferido da cidade: o colorido e encantado parc güell
desça no metro lesseps e esteja preparado para uma bela de uma caminhada, ladeira acima. depois de 10 dias rodando metade da itália a pé, juro que pensei que fosse morrer, mas acreditem: depois da penitência, existe o paraíso. os mosaicos coloridos, as curvas de gaudí e a vista de toda barcelona desde o mirante do parc güell valem cada palavrão dito no caminho.
cheguei lá em cima naquela hora exata em que o sol fica mais amarelo, antes de derreter e desaparecer: o espetáculo mais bonito da terra, comparável apenas às cores que pintam o céu antes dele voltar no outro dia. pensei, então, em quantos pores-do-sol perdi na caixa branca em que vivi nos últimos tempos e jurei para mim jamais repetir uma insanidade desse tamanho na vida. lembrei do meu encantamento na primeira vez que estive naquele lugar mágico, 11 anos atrás. fiquei feliz por encantar-me de novo.
o céu de barcelona estava especialmente bonito aquela tarde. um azul que fazia o perfeito degradé com o mediterrâneo e amplas nuvens dispostas de maneira tão desalinhada quanto perfeita. crianças jogavam rugby na areia do mirante. adultos se acotovelavam para aparecer numa foto ao lado do lagarto de mosaicos que é o símbolo do parque. adolescentes apaixonados se beijavam desde a hora que cheguei até a hora em que fui embora, sem intervalo comercial.
peguei o metro até a estació drassanes. queria ver colón apontando para o horizonte, ouvir o balançar dos barcos e a confusão dos pássaros na marina. cheguei a tempo de ver barcelona se acender. bonito que só. terminei o dia no maremagnum.
amanheceu o dia de voltar para madrid numa viagem de 2h40m que, depois de tantos trens, mais pareceu um deslocamento de metrô [i lAVE you!]. dormi até o último minuto do segundo tempo e fui tomar um café da manhã nada convencional no la boquería, o mercado mais tradicional da cidade! na barraca dos sucs [sucos, em catalão], catei um de mango con côco, o mais-mais do disque-e-toque da boquería. delícia! depois, uma azeitoninha aqui, uma tapa alí, uma frutinha acolá - como manda a etiqueta dos mercadões.
e antes que o post termine e eu esqueça de contar, duas coisas que chamaram a atenção em barcelona desta vez: a quantidade de gente louca nas ruas e o policiamento anti-terrorista da cidade, muito mais ostensivo que em madrid e inexistente na itália [a espanha, afinal, é um país que tem cicatrizes profundas, de episódios muito traumáticos de terrorismo, primeiro do eta, depois da al-qaeda]. raio x nas estações de trem [na itália é uma piada - se a pessoa quiser entrar num trem com uma AK-47 é, tipo, 'beleza!'], policiais com cães farejadores no metrô, rondando a sagrada família de moto e conferindo discretamente as latas de lixo.
termina assim, cariños, junto com 2011, minha bonita 'aventura italiana': toda beleza vista gravada indelevelmente na alma e eu de volta ao meu apartamento quentinho em madrid.  

domingo, 1 de janeiro de 2012

.#torinofeelings.

 .torino: a cidade mais francesa da itália ou a cidade mais italiana da frança?.
 .paz na terra e aos homens de boa vontade.
 .palazzo reale di torino: antiga casa dos sabóia.
 .júlio césar e césar augusto na porta palatina: 28 a.C.
 .eu, otelo e meu pacto com são lázaro.
 .28 antes de Cristo.
 .mole antonelliana [a torre eiffel de turim!] e o incrível museo nazionale del cinema. 
.la piccola parigi: mais referências francesas nas pontes sobre o rio pó.

foram 11 dias que, de tão intensos, pareceram 111. o tempo relativizou-se para que eu pudesse perceber todas as nuances da região norte desse país incrível, alegre e gentil chamado itália. foram muitos kilômetros percorridos, da lombardia a vêneto e de vêneto a toscana, mas eu chegava ao piemonte, último destino da minha 'aventura italiana', com o mesmo entusiasmo do começo da viagem. torino foi escolhida por sua posição estratégica, já quase na fronteira com a frança - um bom lugar para se dormir uma noite e aproveitar um dia antes de tomar um trem noturno de 13 horas de volta para a espanha. uma cidade injustiçadamente fora do roteiro italiano, bonita, cheia de história e com um museu do cinema absolutamente espetacular. la piccola parigi: a cidade mais francesa da itália ou, para alguns, a cidade mais italiana da frança. e, o que é melhor, com pouquíssimos turistas [especialmente brasileiros e japoneses, disparadamente os mais malas!].
cheguei de firenze à noite, tão cansada que jantei o chocolate do david e os biscoitos ghiottini [fanstásdigos!] do panorama 1, tomei um banho e caí na cama. acordei no outro dia com a corda toda e, depois do yogurt griego do café da manhã do hotel doc milano [do lado da estação porta susa, onde desembarquei de firenze e embarquei para barcelona], estava pronta para conhecer toda turim em [menos de] 24 horas. comecei caminhando pelas calçadas cobertas [tão peculiares] da via cernaia, em direção à piazza castello, onde estão a prefeitura da cidade, o palazzo madama, o teatro regio e o palazzo reale - quatro coelhos com uma cajadada só. segui por detrás do palácio real para visitar a duomo da cidade e o incrível parque arqueológico da porta palatina, construção romana mais bem conservada do mundo, que data de 28 a.C [você leu certo: eu disse 28 antes de Cristo!] e que era a porta principal esquerda da cidade julia augusta taurinorum, que deu origem ao que hoje é turim. nesse 'parque do cocó de turim', os turinenses fazem exercícios diários para manter a forma e levam seus cachorros para socializar e fazer um xixi e um cocô eventuais. foi ali, no chão mais antigo que já pisei, que conheci e me apaixonei por otelo, dog alemão gran danês de quem fiz um book autorizado [minha sina é conhecer cachorros lindos com nome de gente e me apaixonar por eles!].
da porta palatina, segui pelos jardins do palácio real até a mole antonelliana, que é a torre eiffel de turim e abriga o mais incrível museu de cinema do mundo - duvido que até em hollywood haja um museu tão bacana! por uma sorte medonha, o museu estava aberto em plena segunda-feira, 26 de dezembro, feriado na cidade, e eu quase soltei fogos. o ingresso custa apenas 7 euros [só o museu] ou 9 euros [o museu + subir na torre]. fiquei tentada a subir, mas vocês não têm noção de como o elevador PANORÂMICO é assustador!!! foi demais para mim, que tenho pesadelos recorrentes com elevadores e enjôo até no do del paseo. ficou para a próxima!
do museu, segui orientada pelo mapa até a piazza vittorio veneto e de lá para ver o último fim de tarde italiano nas pontes sobre o rio - o sena de turim. comi muitíssimo bem num restaurante da piazza vittorio veneto que não lembro o nome, voltei observando os alpes no extremo fim das ruas de turim [não é por acaso que a região se chama piemonte!], fui até a piazza san carlo, que é uma espécie de place vendôme de turim e que a esta altura estava abarrotada de gente [ao contrário de todas as cidades que visitei, turim pareceu-me muito mais noturna que diurna!], passei no hotel para pegar a alcione e entrei no trem-hotel-salvador-dalí. próxima estação: barcelona.

.#pisafeelings & #luccafeelings.

 .a torre torta e outras cenas de pisa.
 .o capuccino e o mico.
 .perspectivas.
 .jóia da toscana.
  .único dia de chuva da viagem.
.sol e chuva: casamento de viúva. chuva e sol: casamento de espanhol.
 .natal em lucca.
 .piazza dell´anfiteatro.
.terra dos graziani.

dia 24 amanheceu com chuva na toscana. caía uma garoa fina quando o trem deixou a estação de santa maria novella, em firenze, com direção primeiro a pisa, e depois a lucca, numa one-day-trip. eu tinha duas missões: tomar o 'melhor capuccino do mundo' no café diante da torre torta e conhecer a terra de onde veio o graziani que hoje integra meu nome. a primeira, recomendação de um amigo. a segunda, em homenagem ao amigo mais fofo que tenho: luís graziani, a personificação da alegria, do cavalheirismo, da sabedoria e da lucidez, do alto de seus 99 anos [uma pessoa a quem queria poder apresentar TODOS os meus amigos!].
por uma daquelas sortes cósmicas, o sol saiu assim que pisei em pisa. de repente, como mágica, o céu ficou azul bebê e o único vestígio de chuva passou a ser o chão molhado que me levou da estação até a torre torta, numa caminhada de aproximadamente trinta minutos. nesse meio tempo, uma pausa na grocery mais fofa do planeta e a certeza de que pisa não se resume à torre de mármore branco diante da qual se observa a maior pagação de mico mundial [tinha japonês segurando a torre com a língua, minha gente!]. depois de pagar meu mico particular [faz parte!] e de tomar o melhor capuccino do mundo, era hora de seguir rumo a lucca.
era casamento de viúva [sol e chuva] em lucca quando desci na estação de trem mais parecida com estação de trem de filme da minha vida. esperava encontrar uma lucca singela, influenciada pelas imagens do velho anfiteatro, que até então eram minha única referência da cidade. encontrei, no entanto, uma cidade [docemente] imponente, medieval, toda murada. apaixonei-me à primeira vista pelas altíssimas árvores desfolhadas pelo inverno e pelo céu cinza-mistério que só os dias de semi-chuva são capazes de produzir. caminhei o resto do dia por uma cidade em clima de véspera de natal. as ruas, as lojas [lucca é uma cidade rica, cheia de lojas exclusivas!] e os salões de cabelereiros todos lotados. as crianças patinando no gelo [ao som de michel teló!] na praça central. os jovens, os velhos, todo mundo na rua. no meio daquela adorável confusão italiana, vi uma senhorinha de uns 80 anos [sem exagero!] serelepemente andando de bicicleta e confirmei que a vitalidade e a alegria andam de mãos dadas pela vida. fui embora junto com o sol, com vontade de voltar. próxima estação: torino.