quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

#cuencafeelings

 .a moderníssima estação fernando zóbel, exclusiva para el AVE, e cuenca bajo mis pies.
 .las increíbles casas colgadas: cartão postal da cidade.
 .'la antigua'.
 .puente de san pablo: #quintanafeelings.
 .a catedral cristã construída sobre as ruínas da antiga mesquita e outras cenas de cuenca.
 .federico muelas: o drummond de cuenca.
 .sobe & desce.
 .os olhos verdes que nos miran en el mirador de camilo josé cela.
 .casitas de cuenca.
.omni amortalium.

'caminando cuenca al viajero le brotan de súbito alas en el alma...': assim descreveu  o escritor camilo josé cela o sentimento de caminhar pelas ruelas medievais dessa cidadezinha encantada inscrustada no coração de castilla la mancha. a parte mais alta de cuenca, no topo do seu casco antiguo, está a 1000 metros do nível do mar. a caminhada até lá em cima vai nos tornando etéreos, como se fôssemos desmaterializando-nos a cada passo.  
cuenca surgiu no roteiro como parada a meio caminho de valencia. tinha planos de ir ao reino unido, ao marrocos ou ao leste europeu nesta que foi a minha última semana inteira sem aulas até o final da parte presencial do doutorado, tirando a semana santa, mas ocorre que estou presa na espanha - o que, convenhamos, não é assim uma tragédia. [explico: estou em processo de tramitação do NIE, que é a identidade de estudante estrangeiro, e até que me chamem na extranjería e me dêem uma autorização de regresso, posso ter problemas ao entrar no país na volta de uma viagem internacional, especialmente para fora do espaço shengen].
depois que comprei as passagens de trem e reservei os hotéis, sem cancelamento gratuito, um corredor de vento resolveu se abrir trazendo da sibéria uma onda de frio como só se tinha visto por aqui em 1951. o resultado é que as temperaturas que estavam oscilando numa média de 10º [um dos invernos mais quentes dos últimos muitos anos!], caíram vertiginosamente para uma média de 0º, com sensação térmica muito abaixo da marcada nos termômetros. 
o prognóstico para cuenca não era dos mais animadores: máxima de 0º e mínima de -9º. e lá fui eu para a cidade mais fria da espanha no dia mais frio do ano! saí de madrid na friíssima manhã da última sexta-feira num AVE [salve a renfe!] que fez o trecho puerta de atocha - fernando zóbel em incríveis 50 minutos. no caminho, a bonita paisagem ocre-oliva de castilla la mancha, terra de dom quixote. cheguei numa cuenca absurdamente gelada, lambida por um vento siberiano capaz de congelar sobral inteira em menos de um segundo. 
a cidade - já disse - é encantadora, mágica, especial. mais uma das áridas cidades de pedra, cheias de altos e baixos, tão características da espanha, mas com um toque personalíssimo, que a faz diferente, singular. as casas colgadas [penduradas/suspensas, em português] estão ali sobre aquelas pedras há mais de setecentos anos e os rios [muito mais antigos!] júcar e huécar, que circulam a cidade, já viram muita água rolar entre a invasão muçulmana e a tomada cristã da cidade pelo rei alfonso VIII [a história da espanha é sempre essa da vitória cristã sobre séculos de dominação árabe-muçulmana!].
passei o dia ali, rodeada de beleza e de história, sob um céu impecavelmente azul e sobre um chão de pedras milenares. o vento siberiano enlinhando meu cabelo e congelando meus dedos debaixo das luvas de couro sem dó nem piedade, e eu sendo feliz, apesar de. próxima estación: valencia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário